segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Medo.



Eu permanecia concentrado cortando plásticos na serra circular, minha preocupação tinha origem na devolução do prédio onde funciona a reciclagem de plásticos, onde o contrato de locação findaria no final do mês de abril. Era feriado de Tiradentes em 21 de abril, e eu sozinho procurava adiantar a produção.
Meus movimentos parecem robotizados feitos sem pensar, a coordenação motora era automática, e desse jeito estiquei meu braço esquerdo tentando alcançar uma caixa. Foi então! Que nossos olhares se cruzaram, nesse exato momento. Tudo o que estava ao meu redor desapareceu da minha vista, sumiu nos meus sentidos. Não consegui desviar o meu olhar, e nem queria! Senti no seu olhar que estava com medo, mesmo assim estava me encarando, seus olhos nervosos me fitavam como se esperava que eu fizesse o primeiro movimento, passou pela minha mente os velhos filmes de faroeste, um duelo no meio da rua; isso mesmo! Parecia que tínhamos um duelo, daqueles que tem que sacar primeiro, e ainda acertar em cheio.
O tempo não passava, eu permanecia fixo, imóvel, meus pelos arrepiados, e quieto em silencio não por vontade. E no outro lado tinha os olhos pretos e brilhantes que eu já conhecia, e os conhecia há muito tempo. Sabia por exemplo que morava sozinho, pois nunca vi filhos seus ou família, nem amigos, também nunca nos encontramos de frente como agora.
O barulho da serra piorava a situação, parecia estar dizendo pula primeiro e bate nele; más eu tinha medo; nunca pensei que chegaria nesse ponto, deve ser porque ficamos muito perto, olho no olho; com respiração ofegante, em apenas trinta ou quarenta centímetros de distancia. Minha adrenalina poderia ser comparada com o momento ao pular do avião e saltar de pára-quedas. Do mais profundo ouvi de mim mesmo: reage cheo!
Que estúpido que sou! Pensei.
Acho que o ratinho pensou a mesmo, deu um pulinho para o lado olhou para mim, e foi embora correndo.

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